Expectativa das entidades do setor é aumento leve das vendas de vestuário a partir de abril até o final do ano
Se janeiro não começou bem, fevereiro continuou a cair e março será ainda pior para as vendas de vestuário no mercado brasileiro. A recuperação deverá vir a partir de abril. “A tendência é crescimento leve, mas sustentável, até o final do ano”, afirmou Ronald Masijah, presidente do Sindivestuário, que junto com Luiz Arthur Pacheco, presidente do Sinditêxtil-SP, apresentou estudo traçando a evolução do setor entre 2012 e 2016. O empresário avalia que haverá crescimento em 2018 a despeito do aumento das importações de peças prontas.
Também Pacheco considera que o “Brasil está retomando a curva de crescimento”. Na avaliação dele, a reforma trabalhista que entrou em vigor no final de 2017 ajudou, assim como a queda dos juros básicos ainda que não tenha chegado na ponta, para o consumidor, e as mudanças no ICMS paulista que freou a debandada de empresas do estado no ano passado. “O ambiente macro se mostra favorável, mesmo com indicadores tímidos”, analisa o presidente do Sinditêxtil-SP. O ambiente político, com eleições presidenciais em outubro, pode afetar a retomada na medida que o clima de indefinição segura os investimentos das empresas, diz.
Ele ainda defende medidas mais duras no combate à informalidade, “não só em São Paulo”, ressalta, e mostra preocupação com o aumento das importações.
De acordo com o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Fernando Pimentel, as importações de março, que foram as mais altas desde março de 2015, associadas a um desempenho morno do varejo bateram na produção, primeira na de confecção, como aconteceu, e depois na têxtil.
“Mesmo assim, continuamos mantendo previsão de crescimento para 2018, porém, com viés de baixa. Ainda não colocamos viés negativo nas taxas de evolução do setor têxtil e do vestuário”, declarou Pimentel em comunicado ao mercado. Na avaliação dele a situação pode se agravar, caso o inverno deste ano não seja frio como se espera. Mas datas comemorativas importantes para o varejo do setor, como Dia das Mães e Dia dos Namorados, podem ajudar a melhorar as vendas.
PERÍODO DIFÍCIL DEVE FICAR PARA TRÁS
Os dois sindicatos que representam as indústrias do setor têxtil e de confeccionados (vestuário, linha para o lar e outros itens) juntaram-se para contratar um estudo, realizado pelo Iemi, analisando a evolução do mercado de São Paulo entre 2012 e 2016, em volume e valor da produção, pessoal ocupado e número de fábricas em atividade por segmento no estado. Pelos dados divulgados, o período mais difícil foi entre 2014 e 2016. Até 2013, os indicadores foram positivos.
E voltam a melhorar em 2017, de acordo com o estudo que faz estimativa em torno do desempenho do setor no ano passado para o estado de São Paulo. A projeção é de alta de 6,8% em valor da produção paulista sobre 2016, devendo alcançar cerca de R$ 46 bilhões, dos quais R$ 22 bilhões correspondendo a vestuário. A estimativa publicada pela Abit (Associação Brasileira das Indústrias Têxtil e de Confecção) no início de ano é que o setor fecharia 2017 com faturamento de R$ 144 bilhões, cerca de 5% acima de 2016.
Em volume de produção é esperada alta de 3% nas manufaturas têxteis de São Paulo (tecidos planos, fios e malhas) que atingiriam 605 mil toneladas em 2017. Confeccionados cresceriam 0,5%, sustentados pelo vestuário, com alta de 1,5% sobre 2016, alcançando cerca de 1,1 bilhão peças produzidas no ano.
Segundo o estudo, de 2012 a 2016 São Paulo perdeu 17% das fábricas têxteis e 13,3% das confecções, entre empresas que mudaram de estado atraídas pelos incentivos da guerra fiscal e outras que simplesmente fecharam as portas. O setor no Brasil encolheu 10,9% no período, restando em 2016 com 29.485 unidades produtoras com mais de cinco funcionários, das quais 8.109 no estado de São Paulo.
Essa redução no número de fábricas em atividade no estado refletiu sobre o nível de emprego, tanto industrial quando nas áreas administrativas. Em cinco anos, São Paulo perdeu quase 50 mil postos de trabalho, ficando com 221 mil empregos. O país chegou em dezembro de 2016 com 800,5 mil trabalhadores no setor, 130 mil a menos do que tinha em 2012.