Sondagem do GBLjeans revela que parte dos fornecedores credita o aquecimento à alta do dólar frente ao real.
Desde meados do segundo trimestre do ano, o ritmo das encomendas às empresas que fazem PL (private label) de jeans, incluindo a parte de lavanderia tem aumentado consistentemente, no Brasil, a ponto de 18% dessas companhias projetarem aumento de produção acima de 15% ao encerrar 2013. Na média, o volume produzido por esse grupo de fornecedores deverá crescer entre 6% e 8% no ano, de acordo com sondagem realizada pelo GBLjeans, na última semana. A maioria (82%) informou que registra aumento expressivo no volume de pedidos. Os outros 18%, cujas empresas não registram alta, estão divididos. Metade estima crescer até 5% no ano, mesmo não observando no momento aumento expressivo de encomendas. O restante prefere não fazer projeções ou espera manter o volume atual de produção.
Das empresas que participam da sondagem, 27,2% atribui o aumento das encomendas à desvalorização do real frente ao dólar, que se intensificou em patamares que não eram observados desde março do ano passado, quando a cotação da moeda americana bateu R$ 1,80 e conviveu em seguida com ligeiros movimentos de sobe-e-desce. A partir de março de 2013, a escalada ganhou energia com o dólar sendo cotado a R$ 2,00 e de lá para cá só fez aumentar. Na quinta-feira, 15, o pregão comercial cravou R$ 2,32. Na sexta-feira, 16, os economistas já davam prognósticos de que o viés de alta seria mantido, com o dólar valendo R$ 2,70 no final do ano. Outros acreditam que o teto a bater, antes de o Banco Central agir, seria de R$ 2,35.
Previsões à parte, o certo é que com a expressiva desvalorização do real frente ao dólar, empresas que estavam preferindo importar roupa pronta a comprar do mercado interno, avaliam fazer o caminho inverso e buscar fornecedores locais para abastecer o estoque a custos sob controle de olho, sobretudo, nas vendas para o final do ano, que começam a acelerar a partir de outubro. De acordo com fontes da área têxtil, o mercado já convive com disponibilidade menor de sarja, uma vez que as peças coloridas ou estampadas lideram as importações na área de jeans.
Para os modelos em denim, os PL’s com lavanderia avaliam que a combinação de alguns fatores tem feito os compradores retornarem à produção local. A alta do dólar explicaria parte dessa demanda, embora alguns considerem cedo para atribuir a retomada a essa valorização. Outra razão que teria refreado as importações seria a pouca qualidade em termos de modelagem e efeitos de lavanderia das peças em denim compradas no mercado internacional que chegam ao varejo. Também mudaram os padrões de qualidade do ascendente consumidor brasileiro das classes C e B. Com mais dinheiro no bolso e dólar sob controle, ele viajou pela primeira vez ao exterior, fez compras por lá, comparou preço e qualidade, e voltou mais exigente.
PL’s locais também avaliam que os contratos fechados, o poder de barganha dos grandes compradores, o nível de eficiência da fiscalização portuária e a eliminação de incentivos estaduais à importação, deverão ser mais importantes para a efervescência dos negócios que a alta da moeda americana. Segundo o GBLjeans apurou, alguns fornecedores não vêm aceitando mais encomendas de novos clientes, desde meados de julho.
Outros viram crescer os pedidos de grandes organizações varejistas e entusiasmados investem na ampliação da capacidade de produção, confiantes de que o cenário econômico não vai favorecer a importação por um bom período devido aos sinais de reaquecimento da economia dos Estados Unidos e o ensaio de retomada da Europa. Segundo o Eurostat, o gabinete de estatística da União Européia, a economia de 28 países do bloco, como Alemanha e França, expandiu 0,3% no segundo trimestre de 2013 em relação aos três primeiros meses do ano. Mas, os analistas avaliam que foi pouco para alterar de maneira significativa o perfil da dívida e do desemprego, até porque a recessão continua em países como Espanha, Itália e Grécia, os mais problemáticos.