Produção têxtil deve cair em 2022, diz Abit

Produção têxtil deve cair em 2022, diz Abit

Diante do cenário incerto, a entidade reviu projeções que apontavam crescimento no ano.

Produção têxtil deve cair em 2022, diz Abit

Mesmo com um cenário de muita incerteza, no país e no mundo, a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) mantém certo otimismo para o segundo semestre. Não acredita que haverá deterioração do cenário atual de consumo, diz Fernando Pimentel, presidente da entidade. Ainda assim, ele prevê que a produção têxtil deve cair em 2022 em relação a 2021. A expectativa anterior projetava crescimento de 1,2%.

A avaliação também indica estabilidade para a produção de vestuário, com alguma pequena flutuação, para cima ou para baixo. “E positivo para o varejo”, acrescenta Pimentel.

Nos primeiros cinco meses do ano houve descompasso de resultados entre varejo e indústria, com o comércio apresentando melhor desempenho, aponta o presidente da Abit.

Para o segundo semestre, os dados da Abit apontam para desaceleração da inflação. “Não que vá haver deflação”, ressalta, acrescentando que a liberação de recursos de programas de auxílio pode tonificar o consumo na ponta.

No país, a incerteza deriva em torno dos efeitos das eleições; da Copa do Mundo de futebol fora de época (em novembro); e das oscilações climáticas, como as temperaturas altas no inverno.

No mundo, a incerteza é alimentada pelo impacto da guerra de Rússia e Ucrânia e o risco de novos períodos de lockdown na China.

Dados do IBGE confirmam a expectativa de que a produção têxtil deve cair em 2022. Até maio, a atividade acumula queda de 16,6%.

IMPACTOS NA INDÚSTRIA

Sondagem da Abit com indústrias do setor mostra que no primeiro semestre “a conjuntura internacional, marcada pelo lockdown na China e invasão da Rússia à Ucrânia, bem como suas consequências, já afetou diretamente os custos de 77% das empresas consultadas”.

Resultados da sondagem da Abit

65% reportam alguma dificuldade no abastecimento de insumos e matérias-primas, seja pela falta de itens, aumento do nível internacional dos preços, logística ou transporte.

29% citam o encarecimento da energia no Brasil como outra dificuldade enfrentada.

70% das empresas dispõem de volumes de matéria-prima e insumos suficientes para manter a produção por mais de um mês. Em média, há como sustentar as operações num período de 45 a 60 dias, apurou a sondagem da Abit.

71% indicam que a maioria dos insumos e matérias-primas afetados pelas dificuldades de obtenção e pressão de preços é procedente da China, em decorrência dos períodos de lockdown impostos naquele país devido a novas ondas de infecção por covid-19.

21% das empresas afirmam que a escalada de preços nos últimos 12 meses oscilou entre 11% e 20%.

19% do universo consultado alega variação de preços de 21% a 30% no período.

12% reportaram majoração entre 31% e 40%.

9% indicaram encarecimento de 41% a 50%.

16% enfrentaram alta que flutuou de 51% a 60%.

16% apontaram elevação superior a 60%.

5% relatam aumentos de até 10%.

2% não notaram reajustes.

31% das empresas indicam dificuldades moderadas relacionadas ao transporte de seus produtos, matérias-primas e insumos.

10% da indústria enfrentaram o que consideram grandes dificuldades relacionadas ao transporte de seus produtos, matérias-primas e insumos.

5% das empresas consultadas consideraram como extremas as dificuldades relacionadas ao transporte de seus produtos, matérias-primas e insumos.

26% não sentiram o problema, que foi pequeno para 14%.