Corretores de moda: guia para as compras

Planos das associações que reúnem esses profissionais incluem até a construção de hotel

Em São Paulo eles se intitulam representantes, em Goiás são assessores, em Minas Gerais e no Ceará são corretores de moda. Os nomes diferentes servem para denominar o profissional autônomo que ganha a vida indicando clientes de todo o canto do Brasil e do mundo para as confecções nos principais pólos de moda do país. A renda mensal desses profissionais vem da comissão que os donos de confecções lhes pagam por fazer os clientes comprarem em sua loja. A profissão surgiu com a criação dos pólos de moda em cada estado há bastante tempo. A organização em entidades de classe, no entanto, é fenômeno recente.

Os profissionais de São Paulo são representados pela Aramesp (Associação dos Representantes de Moda do Estado de São Paulo), criada há cinco anos; de Goiás, pelo Sindasgo (Sindicato dos Assessores de Moda de Goiás), em atividade há seis anos. Em comum, as duas organizações têm o objetivo de valorizar os corretores de moda tanto para clientes quanto para os donos de confecções; reivindicar comissões maiores; fazer todos que exercem essa profissão se tornarem filiados; e manter o foco em vendas de pronta-entrega. A ARAMESP agrega cerca de 60 representantes. O Sindasgo tem em torno de cem sócios.

Segundo Nilce Amorim Nannini, presidente da Aramesp, há 200 representantes de moda atuando na cidade de São Paulo. A venda por intermédio desses profissionais é mínima. “Queremos divulgar nosso trabalho porque comprar em São Paulo é complicado. A cidade é grande, as opções são muitas e a pessoa que chega aqui sem a devida orientação pode fazer maus negócios”, argumenta a representante que há 20 anos exerce a profissão.

Em Goiás, o panorama é oposto. O presidente do Sindasgo, Marinho Felizberto Araújo, assessor de moda há 14 anos, afirma que 85% das vendas das 6 mil confecções do estado são intermediados pelos corretores. “Os clientes vêm principalmente do Norte e do Nordeste e as vendas são feitas nos showrooms localizados em Goiânia”, explica.

O jeanswear é o item mais procurado pelos compradores. Em São Paulo representa 40% das vendas e em Goiás, chega a 50%.

Novos pontos

Na capital paulista, alguns lojistas têm saído do circuito Brás/Bom Retiro. “Seguramente 90% das lojas nesses bairros vendem para qualquer empresa que tenha o nome limpo. Alguns clientes têm preferido comprar em lojas que restringem o número de clientes para não haver muita repetição”, revela a representante que enxerga o Itaim Bibi como um pólo promissor de vendas por atacado.

A Aramesp chegou a ensaiar a organização do primeiro desfile na região no início de setembro. O evento teria os mesmo moldes das semanas de moda do Brás e do Bom Retiro, contudo, em função dos prazos estabelecidos pela Companhia de Engenharia de Tráfego para interdição do local não houve tempo hábil para preparar o desfile. Uma nova data não foi agendada.

Além de um desfile para a próxima estação, os representantes de moda de São Paulo reivindicam que a revista Tendências de Consumo – Comprando Moda em São Paulo, publicação da associação, volte a circular com periodicidade fixa. Outro objetivo é atender com mais freqüência as solicitações de empresas que procuram consultoria para abrir um negócio em São Paulo. “Somos uma boa fonte consulta porque conhecemos profundamente o perfil de consumidor de cada região da cidade”, orgulha-se a presidente.

Como funciona

Depois de uma consulta prévia e um roteiro de compras pré-estabelecido, em São Paulo os representantes de moda pegam os clientes no aeroporto de Congonhas, saem com eles para as compras e os acompanham até o hotel. As regalias oferecidas pela Aramesp páram por aí. “Nossa estrutura é pequena ainda”, confessa Nilce.

Em Goiás, a cesta de benefícios é maior. Além do planejamento prévio, os assessores de moda locais hospedam em suas casas ou contam com permuta com hotéis, e chegam a deixar motorista à disposição dos clientes. “A intenção do Sindasgo nos próximos quatro anos é construir uma pousada e comprar uma pequena frota de ônibus para buscar os clientes”, relata Araújo. Estão nos planos da instituição, treinamento para atendimento a clientes estrangeiros em inglês e espanhol.

O Sindasgo conta há cinco anos com um evento e uma revista anual para promover os profissionais e as confecções da região. A cada evento uma celebridade televisiva é convidada para madrinha. Há três anos a entidade participa da edição de verão da Fenit.