Empresa considera V.Laundry semente para instalação de um hub têxtil de exportação no estado.
Com investimento aplicado de R$11,5 milhões, a Vicunha abre oficialmente o centro de pesquisa e desenvolvimento V.Laundry no Ceará. A instalação ocupa área de 2,3 mil metros quadrados dentro da planta industrial da companhia em Maracanaú, a maior entre as cinco fábricas que opera. “A V.Laundry é um espelho daquilo que nos gostaríamos que acontecesse na indústria têxtil. Nosso sonho, governador, seria trazer nossos clientes aqui para perto da gente. É fazer um grande hub têxtil aqui no Ceará em volta de nossos fábricas”, afirmou Ricardo Steinbruch, presidente do conselho de administração da Vicunha durante a inauguração do centro.
Na plateia, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, e o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, entre outras autoridades, fornecedores e clientes da Vicunha. Steinbruch salientou que a ideia de um polo têxtil exportador no Ceará é uma visão de futuro.
“Não é agora. Mas as condições para que isso aconteça, a semente é isso aqui”, ressaltou o empresário referindo-se ao V.Laundry. No entender dele, o polo exportador permitiria à indústria têxtil atender “as oportunidades que estão sendo criadas nesse novo contexto mundial de nearshoring, de relocalização das cadeias de suprimentos”.
Em resposta a essa visão, o governador disse que o Ceará tem interesse em atrair mais empresas do setor para o estado. “Queremos muito vocês com suas plantas de produção aqui para transformar o Ceará no maior polo de confecção do Brasil e para o mundo”, disse. E acrescentou que seu governo defende a proposta de estender os incentivos da ZPE (Zona de Processamento de Exportação) para fora da área do polígono beneficiado, no caso, o distrito industrial localizado em São Gonçalo do Amarante, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. A medida facilitaria incorporar mais empresas à ZPE.
V.LAUNDRY NO CEARÁ
A Vicunha abre o V.Laundry no Ceará em função de alguns aspectos. Steinbruch cita “mão de obra abundante, governo atuante, proximidade com os mercados consumidores que queremos atingir, uma matriz energética cada vez mais limpa através de eólicas e solar, também transporte através do porto de Pecém e o aeroporto moderno”.
Marcos de Marchi, CEO da Vicunha, aponta outra razão estratégica interna para escolher o Ceará. “Trazer a velocidade do mercado para dentro da fábrica. Queremos que a fábrica respire essa velocidade que o mercado está impondo”, explicou o executivo ao GBLjeans.
Sobre o polo exportador no Ceará, de Marchi comenta que a Vicunha não tem uma proposta formal. “Estamos trabalhando junto ao governo para que quem queira se instalar aqui [Ceará] com propósito sobretudo de exportação faria todo sentido”, explica.
SUBINDO A RÉGUA
O centro V.Laundry abre com tecnologia de ponta na área de lavanderia, com máquinas modernas para aplicação e lavagem transformadora do jeans, enfatiza a Vicunha. A área de lavanderia está separada em zona molhada, por envolver uso de água, e a zona seca, com sala para emprego de técnicas como marcação a laser.
Conta ainda com área de corte e costura para produção de amostras físicas. O trabalho tem início com o desenvolvimento das peças usando o software Myr, responsável pela digitalização de todo o processo desde a criação, prototipagem e encaminhamento para produção do jeans.
A partir de desenhos vetorizados, no próprio sistema o estilista escolhe modelos, faz a seleção de tecidos, aviamentos, cor de linha, estampas, bordados e os efeitos de tratamento a serem aplicados. De qualquer lugar do mundo, o cliente acessa o sistema e constroi a peça, que visualiza em aparência 2D e 3D. Aprovado o modelo, a amostra física é produzida pelo V.Laundry. Entre a criação e o envio da amostra por serviço especial, o prazo de entrega é de até 72 horas, explica a Vicunha.
De acordo com a empresa, o cliente recebe a amostra confeccionada e lavada, acompanhada da receita mais econômica e sustentável a ser aplicada pelo parceiro industrial.
As instalações do V.Laundry não constituem, porém, a realidade da maioria das lavanderias que operam no Brasil. A Vicunha considera que as exigências dos clientes vão estimular os avanços tecnológicos nesse setor.
“Temos aqui equipamentos para fazer receitas super sustentáveis e a gente vai soltar a receita que for necessária. Acho que com isso a gente acaba fomentando para que as coisas mudem. Achamos que temos um papel a desempenhar como líderes desse setor. Se a gente não puxar, ninguém vai puxar. Então, estamos assumindo nossa responsabilidade nesse sentido”, afirma de Marchi.
fotos: divulgação