Plataforma online Alinha auxilia na implantação de boas práticas de trabalho em facções, montando banco de dados de prestadores de serviços.
Os sucessivos escândalos de trabalho escravo no Brasil envolvendo o setor têxtil levaram duas profissionais recém-formadas, a advogada Monyse Almeida, e a graduada em relações internacionais Dari Santos, a fundar a Alinha, plataforma online para aceleração do desenvolvimento de oficinas de costura e para o aumento da visibilidade desses empreendimentos no mercado. “Nosso foco é colaborar para a melhoria das condições de trabalho na cadeia da moda apoiando as oficinas”, explica Monyse.
Por meio de visitas nos empreendimentos, auxilia as oficinas de costura interessadas em melhorar suas condições de trabalho, desde a formalização da empresa a acesso a linhas de microcrédito. Após um cadastro inicial, preenchido online pela própria oficina de costura, a empresa receberá a visita de um agente Alinha que desenvolve um plano de ação, identificando dificuldades e diferenciais. Oferece ainda cursos de empreendedorismo e indicações técnicas de enquadramento da infraestrutura. Do outro lado, confecções e estilistas que queiram procurar oficinas que trabalham em condições justas, acessam a plataforma para contratar o serviço. “Uma estilista que contratou uma das oficinas da Alinha, ficou tão contente com o resultado, que passou a divulgar o projeto na etiqueta de suas peças”, destaca Monyse.
A Alinha mapeou entre 12 mil a 15 mil empreendimentos na capital paulista e Grande São Paulo, que têm entre quatro e cinco costureiras, e que poderiam participar da plataforma. Na cidade de São Paulo, de acordo com Monyse, são inúmeros os empreendimentos formados por bolivianos e outros imigrantes que podem resvalar para o trabalho escravo devido à pressão de grandes empresas. Até o momento, foram cadastradas 20 oficinas interessadas. “Nossa meta é contar com pelo menos 1 mil oficinas nessa primeira fase”, diz Monyse. O segundo passo, que ainda não tem data para começar, é unir algumas oficinas em projetos comuns. “Dessa forma, essas empresas poderão, aos poucos, atender pedidos maiores e de grandes marcas, inclusive fora de São Paulo”, destaca.
A Alinha é composta por uma equipe de quatro pessoas para as visitas às oficinas, acompanhados por um agente do CAMI (Centro de Apoio ao Migrante) e um técnico de segurança do trabalho. “Temos voluntários e um contratado pago com capital semente que ganhamos no Social Good Brasil”, diz Monyse. Por enquanto, o modelo de negócio está em teste, mas a ideia é que as oficinas não paguem pelo serviço de diagnóstico de melhorias feito pela Alinha, apenas pelos serviços, a preços módicos, feito pelos parceiros, como o de eletricista e contador. Quem banca a plataforma é o estilista ou a marca própria que busca a oficina na plataforma. “Hoje a Alinha é financiada pelo capital semente, mas estamos buscando outras fontes e participando de diversos editais públicos e privados”, diz Monyse.