TNG de cara nova

A marca adota novo layout para as lojas, lança seu próprio cartão de crédito e altera o sistema de logística para reduzir o tempo para repor os estoques nos pontos-de-venda

A TNG abre o ano com o lançamento de um cartão de crédito com sua própria marca, em parceria com a administradora Aura/Cetelem. Em meados de 2007, passa a contar com um sistema de reposição automática de estoque nas lojas que inclui o funcionamento 24 horas de um centro de distribuição. Com isso, espera reduzir pela metade os atuais 60 dias de estoque. “Queremos chegar entre 20 e 30 dias”, informa Tito Bessa Júnior, dono da marca e que lidera o projeto.Frente do cartão de crédito da marca

As novidades são parte de um processo que teve início com a reformulação de posicionamento da marca. Nos últimos quatro anos, desde a primeira participação na semana de moda do Rio de Janeiro, a TNG vem costurando um novo perfil, marcadamente voltado para o mundo do jeans. Desde então, a alfaiataria perdeu gradativamente espaço nas coleções. No próximo ano, não deverá passar de 20%, como uma concessão a uma parcela fiel de consumidores, explica Bessa Júnior, que conta planos mas resiste a divulgar investimentos, volume de produção ou faturamento.

Tito Bessa Júnior segurando a bandeira brasileira

Com 104 lojas, das quais 65 próprias, e mais 600 multimarcas no Brasil todo, a TNG figura hoje entre as marcas de jeanswear que mais vendem no Brasil. A líder, afirmam analistas do mercado, é a M.Officer que, Bessa Jr, considera a principal concorrente no segmento em que atuam.

Os planos são de crescimento da rede. Em dois a três anos, a empresa pretende atingir mil pontos-de-venda multimarcas. Também trabalha para dobrar o número atual de lojas da marca, alcançando 200 unidades. “Mas esse é um plano para três a cinco anos”, diz o empresário.

Remodelação

Em 2006, a alteração na estratégia veio acompanhada de novo layout para as lojas próprias. O marco foi a reinauguração da loja do Shopping Iguatemi em meados do ano. Mudou para um ponto maior, que ocupa 110 metros quadrados, com arquitetura que privilegia o formato irregular da vitrine, amparado por uma parede de vidro serigrafado em preto com a logomarca em branco que parece avançar para o corredor. “Foi a mudança mais radical nesses 22 anos”, afirma Bessa Júnior, satisfeito com o resultado. “A parede de vidro preto será a nossa marca registrada”.

Tendo a loja do Iguatemi por parâmetro, a empresa reformou outras 20 unidades da rede própria. Os espaços ocupados foram reduzidos para permanecer no patamar dos cem metros quadrados. Para isso, promoveu reduções de 30 até cem metros quadrados e implantou o layout que mistura vidro e madeira. Doze lojas ganharam, ainda, TVs de plasma, instaladas na vertical a fim de exibirem os desfiles da marca.

“A partir do momento em que a gente se concentrou no jeanswear não havia necessidade de permanecer em espaços tão grandes como a gente tinha e ainda tem”, explica o empresário. As lojas franqueadas já se encaixam nesse padrão. Diminuir custo foi outra motivação para a mudança. “Para manter uma loja de 200 metros quadrados num shopping é preciso ser agressivo no preço, reduzir qualidade e vender volume para justificar todo o custo que ela tem. Não é esse o nosso objetivo”, avalia o executivo.

Look masculino da coleção do verão 2007

A redução de custos envolveu, ainda, o resgate das lojas de rua. “Não estou saindo de shopping para ir para rua”, avisa Bessa Júnior. Mas a empresa tem investido na abertura de lojas desse tipo. A última foi na capital paulista numa esquina da avenida Henrique Schaumann, uma das mais movimentadas da cidade. Cerca de 15% das lojas da rede estão em rua. “A loja de rua nos dá a oportunidade de ter uma operação maior a um custo de um terço ou um quarto do que custa uma loja no shopping. E essa pode ser a linha do lucro ou do prejuízo”, observa o dono da TNG.

Voltada a consumidores de 20 a 35 anos, que respondem por 70% das vendas, a TNG acredita que falta pouco para chegar ao mix ideal no qual o jeanswear represente 90% do mix.