Uso do ozônio movimenta o mercado brasileiro de jeans

Empresas fabricam máquinas lavadoras e adaptadores para trabalhos feitos com o gás

As técnicas de beneficiamento a partir do uso de ozônio deram os primeiros sinais no mercado brasileiro durante o último ano. Com o gás é possível fazer efeitos desbotados e envelhecidos, além de eliminar a migração do corante nas peças, técnica que ganhou maior destaque durante a edição passada da Bread & Butter Barcelona, quando várias marcas apresentaram peças com visual bastante limpo e contraste intenso.

 

Embora ainda não tenham demarcado seu espaço no mercado basileiro, os trabalhos feitos com ozônio começam a se diversificar e já é possível adquirir máquinas capazes de executar esse tipo de efeito. A Desbot Clean, empresa de José Luis Cabezudo e Celso Pereira, criou um sistema de trabalhos com ozônio que envolve um gerador de ozônio, um sistema de filtragem, um exaustor de gases e um controlador de processos.

 

“A empresa foi fundada para que explorássemos os trabalhos que fossem possíveis a partir do ozônio. Desenvolvemos todo esse sistema de beneficiamento, que é patenteado, e ele pode ser executado em cerca 40 minutos” conta Cabezudo. De todos os produtos envolvidos no sistema, o único que não é feito pela empresa é o gerador, fabricado pela empresa Panozon, especialista no tratamento de água com ozônio.

 

Uma das empresas que fabrica máquinas compatíveis ao sistema da Desbot é a Maltec, que dá revestimento e vedações especiais às lavadoras para que não sejam prejudicadas pela ação oxidante do ozônio. “Nesse processo, o condutor do ozônio é a água, que, quando circula no gerador fica ozonizada. Depois disso ela passa para a lavadora, onde as peças, ao receberem a água com ozônio começam a ser modificadas e desbotadas. A água permanece limpa no processo e pode ser usada em muito ciclos do trabalho”, explica Cristiano Lamb, gerente de vendas da Maltec. De acordo com ele, as lavadoras mais indicadas para um bom trabalho com ozônio são as que têm capacidade de até 150 quilogramas, que custam em torno de R$ 50 mil.

 

Outra alternativa, que chega ao país em abril, pela Blastex, é uma máquina lavadora que faz o trabalho com ozônio sem a necessidade de adaptadores e na qual o processo é feito a seco Dependendo do processo – limpez ou desbote – o ciclo pode variar de oito a trinta minutos. “A atmosfera de dentro da máquina é controlada e, sem o uso da água, os processos e efeitos são feitos de maneira mais rápida e eficiente, pois o ozônio entra em contato direto com a peça”, explica Ari Malosti, gerente de vendas da Blastex. As máquinas, que têm capacidade para até 200 kg são fabricadas por uma empresa da Europa e feitas de aço inox AI SI 316, que tem maior quantidade de cromo em sua composição, impedindo que o ozônio prejudique a lavadora, acentua o gerente.

 

O fator determinante para conseguir os diferentes efeitos em ambos os processos é o tempo de trabalho nas peças. “O processo é sempre o mesmo e não há como tirar a migração do corante na peça sem que ela seja desbotada. No entanto, se o tempo for curto, a peça não é muito modificada e o que foi migrado é removido, pois o corante da migração é aquele que não está tão fixado à peça”, observa Cabezudo.

 

@Pesponto

Por ser um gás instável, o ozônio não pode ser armazenado, o que faz com que os processos exijam sua criação para uso imediato, pois a formação