Enchentes afetam produção em Santa Catarina

Depois das chuvas que caíram no estado entre sábado e segunda-feira, as empresas do estado buscam alternativas para contornar os problemas

Equipes trabalham para liberar trecho da SC-401 obstruído por causa de um deslizamento de terra

As fortes chuvas que castigaram Santa Catarina afetaram a produção industrial da região. Sem água, sem energia elétrica, sem telefone, com ruas alagadas e estradas parcial ou totalmente interditadas, as empresas do estado tiveram que buscar alternativas para receber e enviar mercadorias e, em alguns casos, a produção foi interrompida ou reduzida.

 

Em Blumenau, uma das cidades mais atingidas e considerada em situação de calamidade pública, a Tecnoblu permanece parada, por causa da falta de água e energia elétrica. Vários funcionários não foram trabalhar e a empresa tenta comunicação para saber da situação em que se encontram. “Blumenau é a imagem de uma catástrofe. Conseguimos chegar até a empresa ontem (24), mas continuamos procurando parte de nossos funcionários que ainda não chegaram ao abrigo. Queremos saber se todos estão bem e do que precisam antes de retomar a produção”, conta Bruna Buerger, gerente de marketing da Tecnoblu.

 

De acordo com ela, a empresa não foi atingida pela água e deve retomar a produção em ritmo normal a partir de amanhã, 27, quando está prevista a volta parcial do abastecimento de água e energia eétrica. Para fazer o transporte dos pedidos que a Tecnoblu deveria entregar, a empresa procura soluções. “Estamos montando uma força-tarefa para ajudar os mais necessitados agora e, na seqüência, formaremos outra para conseguirmos fazer as entregas dentro do prazo. É possível fazer novas rotas contornando outras cidades, entretanto, outras estradas já devem ser reabertas a partir de hoje, 26, e isso vai facilitar a entrada e saída da cidade”, explica Bruna.

 

Situada no bairro da Vila Itoupava, ao norte de Blumenau, a Haco não sofreu diretamente com as enchentes e não teve sua produção interrompida, já que conta com poços artesianos e os próprios geradores elétricos, comprados na época da crise energética brasileira, informa Johnny Gaulke, gerente de marketing da empresa. Ainda assim, conta, a Vila Itoupava foi uma das primeiras a ter o abastecimento normalizado de água e energia.

 

“Continuamos operando, pois, a estrutura da empresa não sofreu com a enchente. Hoje, 26,85% de nossos funcionários já estão trabalhando e o restante ainda está resolvendo problemas com suas moradias e de acesso ao local”, explica Gaulke. De acordo com ele, a empresa avalia, agora, como será feito o transporte dos produtos para os clientes, já que boa parte das transportadoras parceiras da empresa é de Blumenau e também enfrenta dificuldades causadas pelas chuvas.

 

Uma das rodovias usada para o transporte de produtos da empresa, a SC-474, pode ser utilizada para entregas pelas regiões próximas, já que está liberada. Entretanto, regiões mais afastadas serão abastecidas por outras unidades da empresa. “Para que não haja atrasos, vamos fazer a distribuição a partir de diferentes unidades da empresa. Quem vai sentir essa diferença é apenas a Haco, não os clientes”, garante o gerente.

 

Segundo ele, a unidade da Haco de Criciúma (SC) fará o abastecimento da região sul, enquanto a unidade de Fortaleza (CE) será responsável pelas demais áreas que a matriz, de Blumenau, e a unidade de Criciúma não puderem abastecer. “Nunca vi nada com essa dimensão acontecer por aqui, mas, de qualquer forma, é necessário que as empresas continuem trabalhando e girando a economia do estado, para que consigamos reverter logo essa situação”, diz Gaulke.

 

Em Criciúma os estragos não foram muitos, já que a cidade se encontra em um ponto mais alto do estado. É o caso da Newcolor, cuja fábrica fica no Morro dos Conventos, que indiretamente foi afetada na questão de logística. A empresa também busca rotas alternativas para não atrasar a entrega de produtos, já que boa parte das rodovias da região não está liberada.

 

A Newcolor informa que a produção não parou e o que mais ajudou foi que os pedidos de materiais para a próxima coleção foram antecipados, deixando a empresa livre de problemas com o recebimento de produtos. Em contrapartida, para fazer a entrega de produtos é necessário contornar algumas cidades da redondeza, gastando mais tempo que o normal. Por esse motivo, a empresa acredita que as entregas poderão sofrer atrasos de até um dia.