Lavanderias testam argila como filtro

Técnica permite, inclusive, o reúso do corante retido

Duas lavanderias de Toritama (PE) testam o uso da argila como filtro para os corantes empregados no processo de beneficiamento do jeans. A nova técnica pode inclusive reaproveitar argila usada em outras aplicações, no caso, de minerações realizadas na região. Mediante a aplicação de uma solução especial permite, ainda, a recuperação de grande parte do corante filtrado, de modo a reutilizar o insumo em algumas etapas da produção.

 

“A argila também serve de filtro para metais pesados como zinco, chumbo e cobre, também presentes nos resíduos das lavagens em jeans”, explica Meuris Gurgel Carlos da Silva, professora da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que desenvolveu a técnica, sem revelar o nome dos beneficiadores. Eles usam argila retirada da própria região, sendo que os testes começaram em 2005.

 

De acordo com Meuris, depois de certo tempo de uso, a argila fica saturada e não é mais possível a retirada do corante. Entretanto, a transferência do corante líquido (que de outra maneira iria para os rios) para a argila é outra vantagem do processo, pois, torna possível o confinamento do produto.

 

“O estudo com a argila já vem de oito anos atrás, enquanto o desenvolvimento do processo com o corante começou dois anos depois”, conta Meuris, que realizou a pesquisa em lavanderias e tinturarias de diferentes estados como Pernambuco, Piauí e São Paulo, além de ter simulado os processos de lavanderia em laboratório para os primeiros testes.

 

O investimento para a implantação do processo é considerado baixo, garante a pesquisadora. O peso maior é o valor do frete para transportar a argila do ponto de origem até a lavanderia, salienta Meuris, acrecentando que o preço da argila utilizada é praticamente zero.

 

Testes continuam a ser realizados, pois, nem toda e qualquer argila pode ser empregada como filtro. Dependendo de onde a argila é retirada, pode haver componentes que não são apropriados ao processo, compromentendo o resultado.

 

A nova etapa da pesquisa se concentra em identificar qual o ponto adequado de interromper o uso da argila no processo, de modo que essa possa ser reaproveitada como argila colorida na fabricação de telhas ou para artesanato, por exemplo.