Malwee avança em metas de sustentabilidade

Dono de dez marcas, o grupo catarinense renovou estudos de impacto ambiental e objetivos a serem alcançados até 2020.

O grupo catarinense Malwee, dono de dez marcas, aprofundou estudos sobre suas diretrizes sustentáveis que remontam aos anos 70. A sustentabilidade foi uma preocupação da empresa em toda a sua história e nos últimos dois anos a diretoria investiu na renovação de iniciativas e processos que resultou no detalhamento de metas até 2020. A empresa sempre investiu na troca de corantes na estamparia para usar menos químicos, sem contar o tratamento de efluentes, com iniciativas que também se revertem no corte de custos. “A partir de 2013 começamos a estruturar um plano mais abrangente, olhando produtos e processos e toda a cadeia de fornecedores para analisar quais elos eram mais frágeis e como atacar o problema”, conta Taise Beduschi, gestora de sustentabilidade da Malwee.

O estudo contou com 114 pessoas da empresa que formaram 14 grupos de trabalho, analisando da matéria prima, produto e cadeia de fornecimento ao pós uso, pesquisando oportunidades e riscos das iniciativas. “Disso resultou um conjunto de oportunidades escalonadas, sempre tendo como diretriz que o produto de moda sustentável tem que ser desejável pelo consumidor, conferindo uma identidade para a marca, mas também acessível financeiramente”, ressalta Taise. Na indústria de moda esportiva, por exemplo, segundo a executiva, a abordagem é relacionada a tecidos tecnológicos. “Na moda em geral, para o grande público, se busca outro foco”, explica.

Nessa linha a Malwee foi uma das primeiras, em 2011, a lançar roupas com fio resultante de garrafas PET recicladas, tendo alcançado a marca de 20 milhões de peças produzidas até hoje. Dentro da iniciativa de transparência, a empresa trabalha com indicadores, tendo um contador no site que informa esses números. Outra iniciativa é a produção de peças com algodão desfibrado e com fio de poliamida biodegradável. “Como mantemos processos verticalizados de tinturaria e estamparia, essas áreas já têm processos sustentáveis e aderentes à legislação ambiental consolidados”, afirma.

Os grupos de trabalho analisaram metas para 2017 medindo os impactos dos produtos no meio ambiente, e o uso de químicos, se antecipando às exigências internacionais. Por outro lado, na cadeia de fornecimento das confecções, são realizadas auditorias da aderência às questões sociais e trabalhistas, para evitar mão de obra análoga à escravidão e condições insalubres de trabalho.

Uma das referências sobre a eficiência desse processo, segundo Taise, aparece no aplicativo para celular Moda Livre. Ele aponta as marcas que seguem a legislação trabalhista com as cores verde, totalmente aderente; amarelo em evolução, e vermelho para aquelas que já tiveram alguma autuação do Ministério do Trabalho. Das dez marcas da Malwee, oito receberam o sinal verde. “Das duas grifes faltantes, a Mercatto e a Puket, só não receberam o selo verde porque foram adquiridas recentemente e não houve tempo do aplicativo atualizar a informação”, explica Taise.

Outro processo estudado são as metas de redução de consumo de água e energia relacionado à emissão de gazes de efeito estufa. “Em 2015 conseguimos reduzir em 29% as emissões de CO2”, aponta a executiva. No reúse de água, a empresa também mostra a evolução com um contador de volume no site, seguindo o objetivo de transparência da informação. “Ele só parou recentemente porque a caixa d’água está em manutenção”, afirma.

O sistema de tratamento de efluentes, segundo Taise, funciona há mais de dez anos com tecnologia de ultrafiltração da água por membranas, com a marca de 97% de eficiência (pureza da água), sendo que a legislação ambiental brasileira obriga a 80%. Outro eixo do plano de sustentabilidade é o pós uso da linha de roupas com atenção à destinação do produto pelo consumidor. A marca de meias Puket, por exemplo, tem uma campanha de recebimento de peças usadas que são desfibradas por um parceiro e se transformam em cobertores enviados a abrigos que atendem pessoas de rua. As demais marcas difundem o conceito de roupa durável pela qualidade do tecido, incentivando a cultura da roupa “não descartável”. “Seguindo essa filosofia, por meio do site damos dicas de customização e conservação das peças”, completa Taíse. A Malwee também usa apenas embalagens com papel reciclado e biodegradável.