Staroup apresenta plano de recuperação

Agora, sob a razão social de Botucatu Têxtil, a empresa elaborou uma proposta de saneamento que espera seja aceita pelos credores em assembléia a ser agendada pelo juiz responsável pelo processo

No último dia 10, a Staroup apresentou o plano de recuperação judicial com o qual pretende equacionar a crise financeira que se agravou ao final do ano passado. A proposta depende de aprovação por parte dos credores, que terão um tempo para avaliar as medidas de saneamento apresentadas. Pelo prazo previsto em lei, o juiz deverá marcar a assembléia que definirá os novos rumos até julho.

 

A empresa entrou com pedido de deferimento de plano de recuperação judicial no final de janeiro, de modo a garantir a continuidade dos negócios e com a certeza de ter condições de se restabelecer como uma das maiores companhias brasileiras do setor têxtil, alegou a petição assinada pela Botucatu Têxtil.

 

A mudança de razão social de Staroup para Botucatu foi realizada em novembro passado. Em janeiro, mais mudanças. Álvaro Pontes saiu do Conselho de Administração e Vicente Moliterno Neto deixou a presidência da companhia, um ano depois de assumir o cargo. No lugar dele, assumiu interinamente o então vice-presidente, Roberto Faconti. Também há registro de redução no quadro de funcionários.

 

Medidas estratégicas

 

Em concordata preventiva desde 1992, a situação da Botucatu agravou-se no final do ano passado, sendo atribuída pela empresa a fatores econômicos (como a valorização do real frente ao dólar, a alta carga tributária brasileira e a falta de acordos bilaterais de comércio) e financeiros, como a inadimplência no mercado nacional, que a companhia não experimentava nos contratos de exportação.

 

Pelo plano de recuperação apresentado, a Botucatu pretende saldar as dívidas em parte em espécie e outra parte com ativos não operacionais, como imóveis. A estratégia é aumentar o volume de negócios com os clientes atuais, prestando serviços de maior valor agregado, com vistas a aumentar a rentabilidade das operações de produção para marcas de terceiros (private label). A intenção é recuperar, em dez anos, o volume de vendas de 2005, quando a empresa produziu 3,78 milhões de peças no ano, a maior parte das quais (72%) orientada para o mercado externo. Em 2007, o volume atingiu 1,79 milhão de peças.

 

A receita líquida da empresa refletiu a queda. Em 2005, alcançou R$ 68,7 milhões, e dois anos depois, caiu para R$ 32,3 milhões, enquanto no mesmo período o prejuízo saltou para R$ 10, 6 milhões, ante o R$ 1,7 milhão, registrado em 2005. Os credores bancários e as dívidas fiscais representam a maior parte do passivo da empresa – quase 80%. A empresa informa que as marcas Staroup e Eurojeans permanecem ativas, enquanto a Soviet está por ora inativa.